quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Uma História de Amor

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Pequenina, olhava-me nos olhos e sorria. Sua mãozinha encostava na minha, menor que o polegar, e fazia-me cócegas! Linda. Olhos grandes e cheios de expressividade que contagiavam.

Não parecia se dar conta do quanto incomodava. Mas não incomodava, era Pequena e meiga, sempre. Falava com risinhos marotos, já sapeca correndo pelo quintal. Subiu num galho alto, quase matou a todos de preocupação.

Esqueciam-se quem era, d'onde vinha, por quais meios sua concepção havia sido. Dolorosa época que ia se esvanecendo da memória de quem a via ali, frágil e rósea, angelical com sua tês canela.

A Pequena era uma jovem graciosa, de movimentos sutis e sedutores por sua naturalidade. Seduzia mestres, meninos, meninas, bichos e quem já considerava-se maduro o suficiente para não encantar-se com novas belezas. 

Sua jovialidade perpetuava-se. Da Pequena incômodo nada sabiam, apenas viam olhos ferrugem e cútis canela-caramelizada. O samba a percorria nas veias assim como a seriedade da vida brincava-lhe nas palavras.

Adoeceu de amores por um Negro ébano, o verdejar da primavera brincava-lhe nos olhos e perfumes de terra molhada fascinavam donzelas as mais finas e mais deslumbradas. Encantou a ferrugem dos olhos da Pequena. Fez o Negro do mais lustroso ébano dançar o tango nos pés pequenos, pés descalços daquela morena.

Amaram-se ternamente. Ainda se ouve nos sambas os risos dos amantes contentes, os risos sonoros mais apaixonados ao entardecer. O lusco do sol-poente e o cair da noite de lua nova...


Por Kiro Menezes
Uma história de terno amor


6 comentários:

Anônimo disse...

Que linda História.
Estou te devendo a minha...
Bjos

João Maria Ludugero disse...

O amor tem dessas cores
E faz nascer tantos sóis,
E a vida gira ao redor dele...
Como é maravilhoso
alcançar esse poder
de pecar nessas cores...
Esvoaçar, realçar lumes vagos,
Alvorescer...
Como é gratificante
perder o juízo, cedo madrugar
nas coisas de Deus,
E,no final,
arco-irizar o coração,
Antes que caia
o véu da noite
E o breu tome conta
de tudo!

kiro disse...

Que lindo poema Ludu... és um amigo caríssimo...

♥_♥'

Simone MartinS2 disse...

"...e naqueles pes pequenos, dançou o samba do menino negro e a todos encantou!"

Adorei!! Belo demais querida Kiro, me supreendestes com esse micro conto...adorei mesmo!

kiro disse...

Que bom que gostas Sissinha... ♥

Um beijo de Primaveras a ti!!!

Non je ne regrette rien: Ediney Santana disse...

- a minha pele de ébano é a minha nua, será que você não viu, não entendeu o meu toco, eu sou parte de você mesmo que você me negue, no coração da America sou jazz sou o rock, tem a plumagem da noite e a liberdade da rua, a minha pele de ébano é minha alma nua e a leitura e toda sua" Jorge Portugal e Lazzo, gravado por Margarethe Menezes.
Eu que sou ébano, branco, caboclo e quase brasileiro

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