Quando a moça da cidade chegou
veio morar na fazenda,
na casa velha...
Tão velha!
Quem fez aquela casa foi o bisavô...
Deram-lhe para dormir a camarinha,
uma alcova sem luzes, tão escura!
Mergulhada na tristura
de sua treva e de sua única portinha...
A moça não disse nada,
mas mandou buscar na cidade
uma telha de vidro...
Queria que ficasse iluminada
sua camarinha sem claridade...
Agora,
o quarto onde ela mora
é o quarto mais alegre da fazenda,
tão claro que, ao meio dia, aparece uma
renda de arabesco de sol nos ladrilhos
vermelhos,
que — coitados — tão velhos
só hoje é que conhecem a luz do dia...
A luz branca e fria
também se mete às vezes pelo clarão
da telha milagrosa...
Ou alguma estrela audaciosa
careteia
no espelho onde a moça se penteia.
Que linda camarinha! Era tão feia!
— Você me disse um dia
que sua vida era toda escuridão
cinzenta,
fria,
sem um luar, sem um clarão...
Por que você não experimenta?
A moça foi tão bem sucedida...
Ponha uma telha de vidro em sua vida!
Rachel de Queiroz, Fortaleza - CE -
prima José de Alencar.A beleza do texto me fez mais alegre nesse dia de cinzas!
Por isso resolvi bordar coloridos aki... ^_^•
3 comentários:
O texto é realmente muito bonito. Obrigado por partilhar. Vou agora mesmo colocar a tal telha de vidro. Abraço.
hehehe
Fico feliz! Também eu agi assim... Saí correndo pra buscar a minha!!!
^_^•
Bjss R.B.
Olá! Usarei esse poema para fazer meu TCC e gostaria muito de saber onde ele foi publicado, se em um livro, jornal, etc. Procurei em muitos lugares e não consegui encontrar. Se você puder me ajudar ficarei eternamente grato!
Postar um comentário