terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Telha de Vidro (Rachel de Queiroz)





Telha de Vidro
(Rachel de Queiroz)


Quando a moça da cidade chegou
veio morar na fazenda,
na casa velha...
Tão velha!
Quem fez aquela casa foi o bisavô...
Deram-lhe para dormir a camarinha,
uma alcova sem luzes, tão escura!
Mergulhada na tristura
de sua treva e de sua única portinha...
A moça não disse nada,
mas mandou buscar na cidade
uma telha de vidro...
Queria que ficasse iluminada
sua camarinha sem claridade...

Agora,
o quarto onde ela mora
é o quarto mais alegre da fazenda,
tão claro que, ao meio dia, aparece uma
renda de arabesco de sol nos ladrilhos
vermelhos,
que — coitados — tão velhos
só hoje é que conhecem a luz do dia...

A luz branca e fria
também se mete às vezes pelo clarão
da telha milagrosa...
Ou alguma estrela audaciosa
careteia
no espelho onde a moça se penteia.

Que linda camarinha! Era tão feia!

— Você me disse um dia
que sua vida era toda escuridão
cinzenta,
fria,
sem um luar, sem um clarão...

Por que você não experimenta?
A moça foi tão bem sucedida...


Ponha uma telha de vidro em sua vida!






Rachel de QueirozFortaleza - CE - 
prima José de Alencar.

A beleza do texto me fez mais alegre nesse dia de cinzas!

Por isso resolvi bordar coloridos aki...  ^_^•



3 comentários:

Unknown disse...

O texto é realmente muito bonito. Obrigado por partilhar. Vou agora mesmo colocar a tal telha de vidro. Abraço.

kiro disse...

hehehe

Fico feliz! Também eu agi assim... Saí correndo pra buscar a minha!!!

^_^•

Bjss R.B.

CONTIBRASIL disse...

Olá! Usarei esse poema para fazer meu TCC e gostaria muito de saber onde ele foi publicado, se em um livro, jornal, etc. Procurei em muitos lugares e não consegui encontrar. Se você puder me ajudar ficarei eternamente grato!

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